Resumo: A cavalinha é uma planta herbácea notável, caracterizada por seus caules ocos e ricos em minerais. Seu uso é popular no tratamento de retenção de líquidos, e seu conteúdo fitoquímico inclui uma variedade de compostos benéficos. No entanto, precauções devem ser tomadas ao utilizá-la.
Descrição Botânica:
A cavalinha (Equisetum arvense L.) é uma erva herbácea que se destaca por suas características botânicas singulares. Ela desenvolve um rizoma horizontal, a partir do qual crescem dois tipos de caules aéreos: os férteis e os estéreis. Os caules férteis surgem na primavera, são curtos, apresentam coloração branca-amarelada na base e vermelho-escuro na ponta, onde se forma a espiga. Estes caules contêm esporângios que liberam numerosos esporos. Os caules estéreis, com altura de até 50 cm, são de coloração esverdeada, ocos, estriados e possuem nós separadores compostos por tabiques. Externamente, eles são envolvidos por uma bainha membranosa seca. Nas bainhas, os caules estéreis se organizam em verticilos, com ramos delgados que compartilham a mesma conformação. A planta possui pequenas folhas em forma de agulhas, não produz flores nem sementes e possui um sabor levemente salgado. Durante a colheita, apenas os caules estéreis são cortados, sendo o verão o período ideal para essa atividade.
Fitoquímica:
A cavalinha apresenta uma riqueza de componentes químicos que a tornam notável. Mais de 10% de sua composição consiste em constituintes inorgânicos, com destaque para o ácido silícico (5 a 8%), presente na forma de silicatos solúveis em água, bem como sais de potássio (1,8%) e cálcio (1,3%), além de outros sais em proporções menores, como fósforo, manganês, magnésio, alumínio e ferro. Além disso, a planta contém alcaloides (como nicotina, espermidina e equisetina), saponinas (como a equisonina), glicosídeos fenólicos (como equisetumosideos A, B e C), flavonoides (com destaque para isoquercitrina, apigenina, luteolina, caempferol e quercetina), fitosteróis (incluindo β-sitosterol, campesterol, taraxerol, ácido ursólico, ácido oleanólico e ácido betulínico), taninos, ácidos fenólicos e várias vitaminas, como C, E, K, B1, B2, B6, ácido nicotínico, ácido fólico e ácido pantotênico. Além disso, a cavalinha possui um óleo essencial que inclui hexa-hidrofarnesil acetona, cisgeranil acetona e timol transfitol.
Marcador:
O marcador da cavalinha consiste em um extrato padronizado de Equisetum sp., contendo no mínimo 2,0% de flavonoides totais, com destaque para os hiperosídeos.
Usos Medicinais:
A cavalinha é tradicionalmente utilizada para tratar edemas causados por retenção de líquidos em adultos. A parte utilizada é aérea, e a administração é oral. A posologia recomendada é preparar uma infusão com 3g (equivalente a uma colher de sopa) da planta em 150 mL (ou uma xícara de chá) de água. Essa infusão deve ser consumida de 2 a 4 vezes ao dia.
Formulações Caseiras:
1. Diurético e Eliminador de Ácido Úrico:
– Coloque 1 colher (sopa) de caules picados em 1 xícara (chá) de água fervente.
– Ferva por 10 minutos, abafe e deixe descansar por 15 minutos.
– Coe e tome 1 xícara (chá) duas vezes ao dia. Para crianças, use metade da dose. Evite consumir após as 17:00 h.
2. Hemorragias Nasais:
– Coloque 1 colher (sopa) de caules fatiados em 1 copo de água fervente.
– Ferva por 5 minutos e coe.
– Tome metade do copo e utilize o restante para lavagens nasais.
3. Calcificante nas Fraturas:
– Coloque 4 colheres (sopa) de caules fatiados em 1 litro de água fervente.
– Ferva por 5 minutos e coe.
– Consuma ao longo do dia em pequenos goles.
4. Anemia:
– Em 1 xícara (chá), adicione 1 colher (sopa) de caules fatiados e água fervente.
– Abafe, espere esfriar e coe.
– Tome 1 xícara (chá) duas vezes ao dia.
Precauções:
– A cavalinha não deve ser utilizada por pessoas com insuficiência renal e cardíaca.
– Não é recomendada durante a gravidez e amamentação devido à presença de alcaloides que podem ter efeitos colinérgicos e oxitócicos.
– Pessoas com gastrite e úlcera gástrica ou duodenal devem evitar, pois a planta contém taninos e sílica que podem irritar a mucosa do trato gastrointestinal.
– Não é aconselhável para crianças menores de 12 anos, devido ao potencial neuro e nefrotóxico.
– Efeitos adversos raros podem incluir alergias em pacientes sensíveis à nicotina, dores de cabeça com o uso prolongado e irritação gástrica em altas doses, que podem reduzir os níveis de vitamina B1 e causar irritação no sistema urinário.
REFERÊNCIAS:
ALONSO, JR. Tratado de fitomedicina. Bases clínicas e farmacológicas. ISIS Ed. Argentina. 1998.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada n. 10, de 9 de março de 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Diário Oficial [da] União da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 mar. 2010d. Não paginado.
MARINGÁ. Guia fitoterápico. 2001.
MILLS, S; BONE, K. The essential guide to herbal safety. Elservier. 2004.
CEO EDUARDO MAIA
Farmacêutico & Fitoterapeuta Clínico
Consultor Técnico Regulatório
Professor Digital
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